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18 de junho de 2009

Jornalista não gosta de suíte
Foi-se o tempo em que podia-se contar nos dedos os jornais "hemato-premos"


Hoje, dia 18 de junho, a nota conjunta FAB/Marinha informa que novos destroços foram avistados e recolhidos. Apesar da ausência de novidades impactantes, destaque-se a megaoperação das duas armas brasileiras. Um show de competência sob todos os aspectos. Transparente e informativo na medida da imparcialidade, bom senso e respeito à memória das 228 vítimas do vôo da Air France. Oxalá o órgão francês de investigação e análise (BEA) tenha - no mínimo - o mesmo padrão ético e operacional. É o que todos esperam, apesar das primeiras declarações parciais - antes mesmo de quaisquer análises e investigações - de sua principal "otoridade" (?).

Voando baixo I

Você lembra do velho Fokker 27 ? Aquele que fazia vôos ligando capitais ao interior e também os vôos da categoria Vôo Direto ao Centro (VDC), uma espécie de ponte aérea entre os aeroportos centrais do Rio, São Paulo e BH ? Aquele com asas sobre a cabine ? Que chegava ao Santos Dumont com o trem de pouso "raspando" as águas da Baía de Guanabara ?

Fokker-27 da (assassinada) Rio-Sul

Pois este velhinho, simpático e histórico avião da Força Aérea Espanhola também (não esqueçamos do útil e eficiente pé-de-boi Hércules) atua nas buscas, na região coberta por Dacar. Sem críticas, apenas saudosismo: toda ajuda é válida e o velho F-27 deve ter lá seus méritos técnicos para este tipo de operação.

Voando baixo II

Nenhum corpo encontrado, nada de caixas-pretas e a grande imprensa (?) deixa a tragédia (afinal, onde o sangue ?) para voltar ao mais novo escândalo político, ao "racha" na F1 (eu, ainda, duvido: B.E. não está lá por ser burro...), ao mais recente imbroglio no Oriente, etc. Como se costuma dizer, vida que segue. Ou não.


Vítimas do vôo da Air France
(foto: ibahia.globo.com)


No caso em questão, agora completamente suitado, 228 vidas NÃO SEGUEM. Porque caíram, despencaram ao contrário das ações AF/KLM, que começam a diminuir velocidade da queda para que cheguem, novamente, senão à altitude de cruzeiro, pelo menos a uma altitude mais segura em caso de nova (toc toc toc) descompressão (chegaram ao numero expressivo de - 7.8% acumulados na semana, hoje estão em - 5.17%). Vidas perdidas ? Caminhos interrompidos ? Histórias abruptamente encerradas ? Parafraseando Gullar, não cabem no poema. O poema é liberal. O mercado regula...

Patricia Coakley, esposa de Arthur Coakley,
vítima do vôo da Air France

(foto: AP/Anna Gowthorpe)