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25 de maio de 2008

Esquinas, confluências, etc

Um sonho que não envelhece



No ano em que o álbum Clube da Esquina comemora 36 anos, o panorama musical brasileiro demonstra que aquela turma fez história. E gerou apóstolos. Todos influenciados pelo mesmo sopro divino que, num momento no ano de 1972, determinou: faça-se ! Hoje, Skank, Wilson Sideral, Afonsinho, J.Quest, outros Borges e outros Guedes e tantos mais que banharam-se nas doces águas do Clube da Esquina sabem bem que “os sonhos não envelhecem”.


(Foto: Cristiano Quintino)

Telo Borges: "Tudo é fusão"


Telo Borges, ganhador em 2004 do prêmio Grammy Latino com a canção Tristesse, composta em parceria com Milton Nascimento, resume bem os segredos da música mineira: “É a harmonia que vem das montanhas, mas temos mais. Temos a melodia, a poesia de um Chico (Amaral), Fernando Brant, de Ronaldo (Bastos), do Marcinho (Márcio Borges), do Murilo (Antunes)... Na verdade a música mineira bebeu caladinha em todas as fontes. Tudo é fusão”, esclarece.


Caleidoscópio democrático


Foi nos bailes da vida do grupo Evolusamba (Marilton Borges, Milton Nascimento e Wagner Tiso) que o destino juntou os Borges com Milton e no Edifício Levy, centro de Belo Horizonte, onde moravam, construía-se a MPB. Foi lá que as escadarias acústicas soaram novas e excitantes ao encantado menino Lô Borges em seu encontro com Milton Nascimento. Assim foi a gênese do Clube da Esquina, supra-sumo caleidoscópico que eclodiria no início dos anos 70.


A amizade entre Márcio Borges e Milton Nascimento sublimou as imagens e a beleza do filme “Jules et Jim” (no Brasil, Uma Mulher Para Dois) de François Truffaut, assistido por ambos. Tudo acabou misturando-se no democrático cadinho cultural: o batuque negro das senzalas mineiras, os ecos barrocos, as novas ruas asfaltadas do centro da cidade, o rock inglês dos Beatles, o samba-canção, a toada e o jazz.


(Foto: Juvenal Pereira) Em pé, entre JK e Milton Nascimento, Márcio Borges

Sentados, da esquerda para a direita:
Lô Borges, Fernando Brant, JK e Milton Nascimento


Na poesia e na sonoridade do Clube da Esquina encontram-se todas as verdades engasgadas de uma geração que sentiu na pele e na alma os efeitos do AI-5. No LP de 1972 (sim, Lp, Long-play, o bolachão negro de vinil, antecessor dos cd's) encontra-se uma enorme confluência de esperanças, desejos e sentimentos: paz, amor, liberdade, solidariedade, honradez. O gás lacrimogêneo, os “ratos soltos na praça”, o amor e a dor, tudo lá, devidamente amalgamado numa identidade própria.


(Foto: Cristiano Quintino)

Toninho Horta e Beto Guedes


Vigiando a lua


Os talentos juvenis de Lô Borges e Beto Guedes juntaram-se a Milton, Márcio e outros numa casa em Mar Azul, Niterói, RJ. Foi uma reunião de amigos queridos, a galera dos anos 70 que curtia samba, Folia de Reis e rock'n'roll. Descobrindo e descobrindo-se. Concentrados como “o clube deles lá, o Clube da Esquina...”, como os batizou a saudosa Dona Maricota, matriarca dos Borges.


(Foto: Cristiano Quintino)

Milton Nascimento, Lô Borges e Ronaldo Bastos


É que nos tempos do bairro de Santa Teresa, havia uma turma vigiando a lua: violão, poesia e vida numa esquina mítica, entre o paraíso e o divino.


Museu Clube da Esquina


"Eu sonhei que estava num museu do Clube da Esquina, de arquitetura simples, mas genial, desenhada pelo Veveco (o já falecido arquiteto Álvaro Hardy. Amigo e cozinheiro nos encontros da turma). Tinha um espaço que era réplica da boate Berimbau, onde certa noite de1964, eu e Bituca (Milton Nascimento), ele com 21 anos, eu com 18, juramos ser amigos para sempre e servir às causas certas com nossa música e nossa arte. Foi um sonho tão lindo que agora quero me dedicar à sua realização”, é o que afirma o letrista Márcio Borges. Aos poucos, o sonho torna-se realidade. Liderados por Márcio, um grupo desenvolve o Museu Clube da Esquina na internet.


(Foto: Cristiano Quintino)


Márcio Borges: "Eu sonhei que
estava num Museu do Clube da Esquina..."


O site oferece uma rádio virtual, fotos, vídeos, letras comentadas, depoimentos e histórias contadas por Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Marilton Borges, Cristiano Quintino, Flávio Venturini, Ronaldo Bastos, Murilo Antunes, Wagner Tiso, Chico Amaral, Toninho Horta, Fernando Brant, Telo Borges, Fredera, Novelli, Luis Alves, Robertinho Silva, Nivaldo Ornellas, Tavinho Moura e tantos outros que construíram os caminhos do Clube da Esquina.


O empenho, agora, é transformar em real, a virtualidade.


Ouça AQUI, Clube da Esquina nº 2


Clique AQUI para visitar o
Museu Virtual do Clube da Esquina


(Matéria originalmente feita para o Jornal Edição do Brasil)