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18 de junho de 2007

Concurso internacional de fotografias
homenageia Niemeyer
No centenário do arquiteto, prêmio será de 5 mil Euros


Em 15 de dezembro deste ano, Oscar Niemeyer completará 100 anos. Para homenagear a data, um grupo de cidadãos, empresas e instituições portuguesas da cidade de Funchal, na Ilha da Madeira, organizou um concurso de fotografias que terá como tema a obra arquitetônica de Niemeyer.

Arte sobre pilotis e pérgula da piscina no Pestana Casino Park:
estilo inconfundível (foto: divulgação)


O arquiteto é o responsável pelo projeto do Pestana Casino Park, de 1966, na cidade portuguesa, que também entra na reta final da comemoração dos 500 anos de existência. Além do concurso, os funchalenses reeditarão o livro O Nosso Niemeyer, de Carlos Oliveira Santos. As inscrições para o concurso poderão ser feitas até o dia 30 de agosto. O vencedor do "Grande Prêmio Niemeyer 100 Anos" receberá 5 mil Euros.

Arquitetura global

A arquitetura de Niemeyer está presente em todo o mundo. Da sede do Partido Comunista Francês ao Colégio Cataguases (MG), do complexo arquitetônico da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, ao balneário da cidade independente de Postdam, leste da alemanha. Sem esquecer a maravilha criativa que é o conjunto de obras - de arte - que compõe Brasília.

Igreja de São Francisco de Assis faz parte do complexo arquitetônico

da Lagoa da Pampulha em Belo Horizonte (foto: Cristiano Quintino)

Ao completar 100 anos de vida, Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares receberá muitas homenagens. Serão exposições, documentários e uma infinidade de eventos que podem ser acompanhados pelo site feito em homenagem ao centenário.

Oscar Niemeyer sob o traço de Fernandes (Santo André/SP)

Regulamento

Para quem deseja participar do concurso de fotografias, vale a pena conferir o regulamento diretamente no site criado para a homenagem em Portugal.

15 de junho de 2007

Artes, artistas,
Artesãos, artesanato

A confusão nossa de cada dia


É comum depararmo-nos com quadros, esculturas, painéis e tantas outras manifestações estéticas. Nossos templos, repartições, praças estão repletos do que convencionou-se nomear de arte, fora os espaços específicos, como museus e galerias. São elementos palpáveis – ou não – destinados a provocar reações: agrado, comoção, irritação, contrariedade, etc.
Também de arte chamamos os penduricalhos que ornam as pessoas, os bibelôs espalhados pelas casas, as "pinturas de compor ambientes", as cestarias e muitos outros objetos do cotidiano, utilizados para tornar mais bela e agradável a nossa caminhada.
(foto: AC, sobre livro do autor)
Trigais III - Carlos Bracher

Paquetá - Di Cavalcanti


Arte ou artesanato ?

Até que ponto o artesanato é arte ? A partir de qual instante a arte passa a ser artesanato ? A quem é dado o poder de rotular, classificar, codificar e estabelecer o que uma coisa e outra são ? E, principalmente, quem dá esse poder ?


Segundo os dicionários, a arte é uma atividade de expressão estética de sensações e idéias. O artista é aquele que pratica uma arte, que revela sentimento artístico, mas também – está lá, no dicionário – um artesão, artífice. E o pai dos burros é definitivo quando a intenção é confundir: artesanato é a arte ou técnica do artesão, que, por sua vez, é definido como um trabalhador autônomo que exerce um trabalho manual. Ou seja, voltamos à estaca zero.


De acordo com o artista plástico Rafael Abreu, o comum é imaginar a arte como um processo de maior elaboração, enquanto o artesanato geralmente é vinculado a um processo repetitivo, elaborado em escala, e, por isso, de rápida execução. "Mas não se pode negar, que em ambos os casos, há sempre uma interferência artística, um momento inicial de criação. Talvez o que torne artesanato, aquilo que, inicialmente foi tido como arte, seja a intenção reprodutiva. A popularização é que dá o cunho artesanal", sugere Rafael.
(foto: AC)
Rafael Abreu entre arte e artesanato
(foto: AC)
Detalhe de bolsa artesanal de Maurília

(foto: AC)
Ímas artesanais de João Lobo ao lado de tela de Gilberto Abreu: convivência harmônica

(foto: AC)

Artesanato: pintura em garrafas de Tamira Abreu,
cartões de Flô e bonecos de Hudson de Souza
Rafael diz que o que confere qualidade artística é a permanência e reconhecimento da obra através dos tempos, as escolas que criou, os estilos que influenciou. "Temos que lembrar que, para a sua época, Van Gogh era apenas um artista de feira, um artesão. Arthur Bispo do Rosário e o Profeta Gentileza eram considerados loucos: um internado, outro, andarilho. Hoje, a análise artística tende a caminhar junto ao contemporâneo e não sabemos no que pode dar, a arte necessita de amadurecimento", afirma.


Gentileza: mensagem e design

Rafael Abreu destaca que grandes artistas começaram como artesãos. De acordo com Abreu, Antonio Poteiro faz juz ao cognome, fabricava potes de cerâmica antes de partir para as cores e de lá, para as telas. Francisco Brennand viabilizou sua arte cerâmica com uma fábrica de revestimentos: pisos, ladrilhos, etc. "Os ceramistas do Vale do Jequitinhonha são artistas fantásticos e nem por isso suas obras – e eles mesmos o fazem – deixam de tomar o caminho do artesanato por uma questão de sobrevivência", explica Rafael Abreu, que começou fazendo pinturas em camisetas.
(foto: AC)
Quadro de Antônio Poteiro

Cerâmicas de Brennand ( Oficina Brennand )


Noiva: cerâmica do Vale do Jequitinhonha


"Não se pode negar que o artesanato surge a partir de um projeto de arte, mas entendo que nem tudo o que se produz em repetições deva ser chamado de artesanato. É apenas uma forma de divulgação maior de um trabalho de qualidade", enfatiza Rafael. O artista relembra as produções em série de artistas de outras áreas e cita como exemplo o escritor francês Honoré de Balzac ou brasileiro Machado de Assis, que reproduziam suas obras de todas as formas possíveis, como meio de sobrevivência. "Seria justo chamar aquela literatura de artesanato ?", questiona Rafael.
A pensar
Artesanato, então, seria a arte em potencial, pronta para explodir, ou tomar outro caminho. Talvez o único padrão capaz de diferenciar arte de artesanato seja a estética. Aistetikós, palavra grega que deu origem a estética, significa "aquilo que é relativo aos sentidos ou sensações". A estética é a filosofia da arte, estuda as relações entre crítica e gosto. Dessa forma podemos sugerir uma classificação ao melhor estilo dos filósofos empiristas, para os quais todo o tipo de conhecimento provém da percepção. O entendimento de arte seria, então, a soma das experimentações individuais e coletivas.
Coisa de Pirandello: Assim é, se lhe parece.